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Um discurso para outro público

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Foto: Alan Santos PR (https://fotospublicas.com/o-presidente-jair-bolsonaro-e-a-primeira-dama-desembarcam-em-nova-york-onde-fara-discurso-na-abertura-na-onu-amanha/)

 

 

O discurso efetuado pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, no dia 24.09.2019, na abertura da Assembleia Extraordinária da Organização das Nações Unidas, ONU, não teve o tom estadista, próprio de um líder mundial, e, além disso, não foi feito para os representantes presentes na ONU e sim dirigido aos seus seguidores e eleitores no Brasil, logo, fez da ONU um palanque, em um momento de queda da popularidade e de confiança de seu governo.

Nele mostrou toda a sua faceta governista tradicional nos costumes, liberal na economia e sem preocupação com questões sociais do povo brasileiro.

Frisou ter sido eleito e agora não dialogará, nem mesmo com as partes prejudicadas, sobre a implantação de políticas e ações públicas vinculadas à  sua forma de um governo de extrema direita, desrespeitando o diálogo, a pluralidade e a diversidade de opiniões.

Disse ser a favor da democracia, mas, contraditoriamente, exaltou a ditadura de direita ocorrida no Brasil e atacou as ditaduras de esquerda existentes no mundo, especificamente Cuba e Venezuela. Na verdade, um respeitador dos valores democrático não aceita ditaduras, seja de esquerda ou de direita, pois todas elas desrespeitam a dignidade humana e os valores de liberdades civis.

Em desrespeito ao povo indígena e sem levar em conta as suas peculiaridades, mencionou a intenção de em seu governo não fazer mais demarcação de terras indígenas e as já demarcadas teriam liberadas a exploração do seu potencial agrícola e de extração de recursos minerais.

O Presidente reiterou a intenção de seu governo eliminar ideologias diferentes das de direita e mostrou, assim, a sua incapacidade de lidar democraticamente com a pluralidade de ideias e declarou guerra a toda forma de oposição.

Quanto a segurança e violência, Bolsonaro afirmou ter o Brasil adotado tolerância zero com a criminalidade, mas não explicou como resolverá as questões de superlotação dos presídios, do aumento do número de mortes de civis inocentes em operações policiais e se continuará a adotar uma política de enfrentamento ostensivo sem fazer ações de inteligência para isso.

Afirmou, o Brasil estar mais seguro e hospitaleiro, citou termos isentado de vistos de pessoas provindas dos Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá, e estar sendo estudado adotar essa medida para China e Índia, mas não citou ter sido essa atitude sem contrapartida, tornando o Brasil um paraíso para estrangeiros de toda índole.

O discurso de Bolsonaro mostrou um tom de enfrentamento com as pessoas e países discordantes de sua política de governo, não contemporizou eventuais atritos ocorridos recentemente, definiu o Brasil ter optado por alinhamento incondicional com os Estados Unidos, preocupou mais em defender a sua forma de governo e não apresentou o Estado brasileiro. Enfim, houve o rompimento com o tom agregador e de união pregado por outros discursos de presidentes brasileiros na ONU.

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