Você está visualizando atualmente Programas de inclusão social geram insegurança e ressentimento
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (https://www.fotospublicas.com/acervo/destaque/cerimonia-de-sancao-da-nova-lei-de-cotas-raciais-1876925140)

Programas de inclusão social geram insegurança e ressentimento

Numa sociedade em constante evolução, as políticas públicas são ferramentas essenciais na busca pela equidade e bem-estar social. Entretanto, paradoxalmente, essas mesmas políticas muitas vezes são o epicentro de conflitos e ressentimentos entre diferentes estratos sociais, provocando ondas de tensão que abalam a coesão e estabilidade social e política.

No Brasil, os embates em torno das políticas de redução de desigualdades têm se intensificado, mas os governos têm persistido na adoção de políticas sociais para as pessoas mais vulneráveis e as minorias, adotando ações para melhorar a renda (Bolsa Família, Farmácia Popular, etc.), proteger e garantir direitos das mulheres (lei Maria da Penha, emprego doméstico, etc.) e dos homossexuais (casamento, etc.).

Entre as políticas mais controversas destacam-se as cotas nas universidades e em cargos de liderança, medidas destinadas a corrigir injustiças históricas e ampliar oportunidades para grupos historicamente marginalizados. Contudo, tais iniciativas são combatidas por setores temerosos de perderem seus privilégios, especialmente quando indivíduos não beneficiados pelas cotas testemunham seus familiares terem obstáculos para acessar, por exemplo, instituições públicas gratuitas de ensino.

Outro programa suscetível a conflitos é o “Bolsa Família”, criado para garantir uma renda mínima. Embora represente um avanço social ao prover uma rede de segurança para necessidades básicas, como alimentação, tal política desencoraja a busca por emprego, resultando em efeitos inflacionários do aumento dos custos para a contratação de mão de obra, mas tem também ocasionado aumento da produtividade devido a agilização da adoção de tecnologias de automação e robotização dos processos produtivos, alterando o cenário da força de trabalho no país.

Apesar das controvérsias, tais políticas têm impulsionado a mobilidade social em diversas comunidades brasileiras. No entanto, essa transformação social tem gerado apreensão entre segmentos receosos de perderem seu status diante da ascensão de pessoas de outras camadas sociais, incomodados com demonstrações de melhoria do poder aquisitivo das pessoas outrora com menor rendimento, como o fato de passarem a viajar de avião, irem a academias de luxo ou mesmo andarem com carros novos.

Esse ressentimento mina a coesão social ao fomentar divisões entre grupos, alimenta a polarização e o conflito, gera abalo à legitimidade das instituições democráticas.

Para enfrentar eficazmente o ressentimento em relação às políticas sociais, é crucial destacar os benefícios para toda a sociedade, como o fato das medidas inclusivas fortalecem a nação como um todo, promovendo um senso de unidade e pertencimento, independentemente de diferenças sociais, de gênero ou de etnia.

Apesar dos desafios na implementação das políticas públicas, é inevitável persistir uma minoria descontente, cujos ressentimentos tem origem em inseguranças individuais. Nesse sentido, é essencial fomentar o diálogo e a compreensão mútua, visando a construção de uma sociedade mais justa e coesa para todos os brasileiros.

Deixe um comentário