A Polícia Federal no dia 20.01 cumpriu mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, na primeira fase da Operação Lesa Pátria com o objetivo de identificar os participantes, financiadores e incitadores dos fatos ocorridos em Brasília no dia 08.01, quando prédios dos 3 Poderes (Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal – STF) foram invadidos, com ocorrências de danos e roubos de objetos de valor patrimonial, histórico e artístico.
Esses ataques de caráter político, foram organizados através das redes sociais, mas se tornou um caso de polícia, devido aos danos perpetrados contra os prédios símbolos da democracia brasileira.
Essa violência, realizada por uma minoria, foi repudiada pela maioria dos brasileiros, inclusive pelo eleitorado bolsonarista.
Como chegamos a isso? Desde 2019 Jair Bolsonaro confrontou as instituições democráticas (Congresso Nacional, STF, processo eleitoral, urnas eletrônicas, etc.) e, após a derrota das eleições presidenciais do dia 30.10.2022, ele se manteve em silêncio e não discursou aceitando o resultado eleitoral.
Daí em diante, em um ritmo crescente, ocorreu obstrução de rodovias, acampamentos em frente a comandos militares, teorias conspiratórias, fake news, etc. Isso engajou os seguidores a lutar para reverter o resultado eleitoral do dia 30.10, acreditando ter o apoio das forças armadas.
A concentração em frente aos comandos militares foi frustrante. Eles presenciaram Lula ser diplomado no dia 12.12.2022, quando ocorreram distúrbios em Brasília, com queima de veículos e tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal, e também viram Lula tomar posse no dia 01.01, sem distúrbios, devido ao grande aparato policial.
O pior ainda estava por vir. No dia 08.01 os seguidores de Bolsonaro foram convocados para invadir os prédios dos 3 Poderes e mudar o acampamento do comando do exército em Brasília para a Esplanada dos Ministérios. A chegada e vandalização dos prédios dos 3 Poderes foi facilitada pelo pequeno aparato policial.
As mesmas redes sociais que propiciaram a organização da manifestação fizeram com que os poderes reagissem rapidamente. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, elaborou o decreto de intervenção na segurança do Distrito Federal e recebeu ele assinado pelo presidente Lula, via WhatsApp. O documento foi entregue ao interventor nomeado e a manifestação foi sufocada, com milhares de detenções. Além disso, o STF afastou o governador do Distrito Federal por 90 dias.
Os prejuízos financeiros foram grandes para os cofres públicos e a Operação Lesa Pátria executará outras ações para identificar os responsáveis pelos ataques e eles serem processados pelos seus crimes. Politicamente, a depredação de bens públicos enfraqueceu o movimento bolsonarista e deu legitimidade para o governo eleito punir os envolvidos nos ataques, mas ainda estamos longe de um país pacificado.