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Foto: Richard Schunemann (https://unsplash.com/pt-br/fotografias/aviao-caindo-durante-o-dia-qLAxIVFCKNc)

PF revela ataques ao sistema eleitoral e a instituições

No último dia 19.11, o Supremo Tribunal Federal (STF) quebrou o sigilo de um relatório da Polícia Federal (PF), trazendo à luz uma trama contra a democracia brasileira.

A segunda parte do relatório, intitulada “Medidas para desacreditar o processo eleitoral”, destaca um esforço organizado para gerar desconfiança em torno das urnas eletrônicas e dos membros do STF. A campanha utilizava meios digitais massivamente, mobilizando influenciadores, militares e integrantes do Partido Liberal (PL) para disseminar informações falsas e criar um clima de instabilidade.

Servidores públicos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foram envolvidos na produção de documentos fraudulentos que apontavam supostas falhas nas urnas eletrônicas. Um desses estudos foi usado por Bolsonaro em uma transmissão ao vivo em julho de 2021, amplificando a desinformação sobre o sistema de votação. Esses ataques estavam alinhados a uma estratégia maior para desacreditar o sistema eleitoral e preparar o terreno para um golpe.

Discursos públicos inflamados também fizeram parte da estratégia. No Dia da Independência, em 07.09.2021, Bolsonaro criticou duramente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e lançou ameaças ao STF, afirmando: “Não poderia participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral.”

O relatório revela, ainda, uma reunião ministerial em 05.07.2022, onde Bolsonaro e ministros da Defesa e GSI debateram formas de intensificar a narrativa de fraude eleitoral, com a finalidade de cooptar e coagir os demais Ministros para difundirem desinformações sobre o sistema de votação, sendo a adesão das Forças Armadas tratada como essencial para legitimar o plano.

O PL, após a derrota na eleição de 2022, entrou com um recurso no TSE para tentar invalidar votos de urnas fabricadas antes de 2020, sem apresentar qualquer base técnica consistente.

Outro aspecto é a menção a um plano de evasão, conhecido como “Rede de Auxílio à Fuga e Evasão” (RAFE). A estratégia visava garantir a saída de Bolsonaro do país caso o golpe falhasse, evitando uma possível prisão. Bolsonaro, após não conseguir apoio das Forças Armadas para consumar o golpe, saiu do país para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 08.01.2023.

As ações narradas no relatório lembram outros movimentos antidemocráticos ao redor do mundo, como a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, mas assumiram um caráter mais institucionalizado no Brasil. O envolvimento de altos escalões do governo e de órgãos públicos como a ABIN eleva o alerta sobre os riscos à estabilidade democrática.

O conteúdo do relatório reforça a fragilidade das instituições democráticas diante de campanhas coordenadas de desinformação e ataques diretos. Em um momento crítico, o Brasil precisa recuperar a confiança no sistema eleitoral e fortalecer as bases do Estado de Direito e suas instituições.

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