No dia 05.04, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre as despesas relacionadas à saúde no Brasil durante o ano de 2021.
De acordo com a Conta-Satélite de Saúde, em pesquisa realizada em parceria com instituições como Fiocruz, IPEA, ANS e Ministério da Saúde, os gastos totais chegaram a R$ 872,7 bilhões, cerca de 9,7% do nosso Produto Interno Bruto (PIB).
Comparativamente, em 2020, essas despesas totalizaram R$ 769,0 bilhões, equivalente a 10,1% do PIB, e em 2019, antes da pandemia, a participação no PIB foi de 9,6%, totalizando R$ 711,9 bilhões. Importante salientar que os valores não foram atualizados pela inflação, tornando inviável uma comparação direta entre os anos.
Os dados revelam uma oscilação significativa, especialmente em relação à parcela das despesas assumidas pelas famílias e instituições sem fins lucrativos. Em 2020, essas entidades foram responsáveis por R$ 449,2 bilhões (5,9% do PIB), enquanto em 2021, esse montante subiu para R$ 509,3 bilhões (5,7% do PIB). Por outro lado, os gastos do governo passaram de R$ 319,8 bilhões (4,2% do PIB) em 2020 para R$ 363,4 bilhões (4,0% do PIB) em 2021.
Segundo Tássia Holguin, analista da pesquisa, a pandemia de Covid-19 desempenhou um papel crucial nessas oscilações. Em 2020, houve uma queda na quantidade de procedimentos ambulatoriais e hospitalares, como consultas e cirurgias eletivas, enquanto em 2021, o consumo de bens e serviços de saúde registrou uma expansão de 10,3%, em parte devido ao início da campanha de vacinação e ao aumento do consumo de medicamentos.
Além disso, a análise comparativa com países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o Brasil apresenta uma participação semelhante no PIB em relação aos gastos com saúde, porém, com uma das menores parcelas do governo nesses gastos.
A pesquisa também revela o crescimento significativo do setor de saúde na geração de empregos, com um aumento de 59,8% nos postos de trabalho entre 2010 e 2021, destacando a importância desse setor na economia nacional. Também ela revela o aumento dos gastos com saúde em relação ao PIB ao longo dos anos estar associado ao avanço tecnológico no setor e ao envelhecimento da população brasileira.
Diante desses dados e números, fica evidente a necessidade de políticas públicas no Brasil eficazes para garantir o acesso universal e a qualidade dos serviços de saúde, especialmente em momentos de crise como a pandemia do Coronavírus e a epidemia da dengue em 2024, além da tendência de envelhecimento da população, inacessibilidade dos planos de saúde para a maioria da população e da adoção cada vez maior nos meios médicos de soluções tecnológicas caras, como a robotização de operações e procedimentos. O aumento dos gastos públicos, embora represente um desafio, também ressalta a importância de investimentos adequados e eficazes nesse setor vital para o bem-estar da população brasileira.