A inflação é um dos maiores inimigos da população brasileira. Seu impacto é mais severo para as classes de menor poder aquisitivo, dificultando o acesso a bens essenciais como alimentos, saúde e educação. Em resposta a essa realidade, o Banco Central tem o papel de guardião da estabilidade monetária, com o objetivo de manter a inflação dentro das metas estabelecidas. No dia 06.11, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 11,25% ao ano, reforçando a necessidade de conter as pressões inflacionárias.
A meta de inflação para 2024 é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. As expectativas do mercado projetam uma inflação de 4%. Ainda assim, a percepção do consumidor é de uma inflação mais alta, pois as variações sazonais e pontuais dos preços afetam diretamente o seu dia a dia. As cestas usadas para medir a inflação nem sempre refletem a realidade percebida, onde produtos básicos frequentemente registram aumentos acima da média.
Além do Banco Central, o governo federal também desempenha um papel fundamental no combate à inflação, ao adotar uma postura fiscal equilibrada. No entanto, o país enfrenta déficits orçamentários recorrentes, enquanto faltam medidas concretas para conter os gastos e proteger a economia. Os interesses diversos que permeiam o orçamento público – incluindo despesas obrigatórias em saúde e educação, programas sociais, folha de pagamento de servidores, emendas parlamentares e demandas do empresariado – tornam o ajuste fiscal um desafio hercúleo. Todos defendem cortes de gastos públicos, desde que não sejam diretamente afetados.
No dia 29.11, o governo federal apresentou seu programa de ajuste fiscal, batizado de “Brasil Mais Forte”. Contudo, o plano foi recebido com ceticismo e pode ser resumido como um movimento de “corta e sopra”. Apesar de conter boas intenções, carece de exequibilidade em diversos pontos.
Entre as medidas de corte, destacam-se a limitação do reajuste do salário mínimo ao índice do arcabouço fiscal, o abono salarial passará a ser pago para pessoas que recebem até 1,5 salário mínimo, limitação dos valores das emendas parlamentares, etc.
Na parte de “sopra”, o governo anunciou medidas que buscam apaziguar críticas, como a isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil. Para compensar a perda de receita, propôs a criação de novas alíquotas para os mais ricos.
A execução de ajustes fiscais em um país tão politizado como o Brasil é notoriamente difícil. Além das pressões internas e externas, o governo enfrenta o desafio de equilibrar demandas sociais e responsabilidade fiscal. Medidas impopulares são necessárias para garantir estabilidade econômica, mas podem gerar desgaste político.
A lição que emerge é clara: tanto a política monetária quanto a fiscal precisam ser conduzidas de forma coordenada e firme para manter a inflação sob controle.