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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil (https://www.fotospublicas.com/acervo/politica/presidente-luiz-inacio-lula-da-silva-acompanhado-da-primeira-dama-janja-lula-da-silva-e-de-seus-ministros-participa-do-evento-brasil-dando-a-volta-por-cima.)

O Xadrez Eleitoral de 2026: Populismo, Pragmatismo e o Peso da História

A mais recente pesquisa da Quaest acendeu sinais de alerta em todos os espectros políticos. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desponta como o nome mais competitivo contra o presidente Lula nas eleições de 2026, sendo visto pelo empresariado como a aposta mais viável para a retomada da direita ao poder. Mas, mais do que números, a pesquisa revela um panorama político em transformação.

Em um Brasil polarizado, Lula reafirmou no dia 02.04, em encontro com senadores, que está disposto a buscar a reeleição. A oposição insiste no discurso de que o presidente não será candidato, enquanto Lula aposta em uma combinação de estabilidade econômica e políticas sociais para manter sua base e ampliar sua competitividade. As medidas recentes, como a antecipação do 13º salário e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais, são tachadas de “populistas” por parte da imprensa e agradam a maioria da população.

A pesquisa, porém, reforça um velho ensinamento da política: pesquisa é pesquisa, eleição é eleição. A presença de Tarcísio como adversário viável reflete o enfraquecimento de Jair Bolsonaro, que hoje enfrenta investigações e responde como réu por tentativa de golpe. Tarcísio tem evitado temas espinhosos — como o tarifaço de 10% imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros — e navega entre o pragmatismo da gestão e os acenos simbólicos à direita, como o uso do boné “Make America Great Again”, marca registrada de Donald Trump.

Essa ambiguidade pode atrair setores conservadores, mas também afastar o eleitorado de centro. O apoio de parte da elite econômica não garante, por si só, a conquista do voto popular — especialmente diante de um governo Lula que, apesar de criticado, sustenta bons indicadores de desemprego, de investimentos industriais e o Brasil estar entre as dez maiores economias do mundo.

Na arena internacional, a reação do governo Lula às tarifas americanas tem sido cautelosa e diplomática. Apesar da aprovação da Lei de Reciprocidade pelo Congresso, o Itamaraty prefere a via da negociação, buscando transformar um revés comercial em oportunidade estratégica. A lógica é clara: retaliar sem planejamento pode gerar inflação interna e afetar o consumo.

A direita, por sua vez, vive um dilema. Bolsonaro defendeu as tarifas de Trump como forma de combater o “socialismo” no Brasil, mas foi desautorizado por sua própria base ruralista, que viu nos tributos americanos uma ameaça direta aos seus interesses.

Outra fissura da direita se revela na tentativa de anistiar os condenados pelos ataques de 08.01.2023. A proposta, impulsionada por setores bolsonaristas, reacende o debate sobre a impunidade histórica no Brasil e a repetição de fantasmas: do autoritarismo, da violência política e da ruptura democrática.

Em 2026, o Brasil não decidirá apenas entre dois nomes. Estará diante de dois projetos de país: um que busca consolidar os avanços sociais e econômicos dentro da institucionalidade democrática, e outro que ainda precisa provar que superou o legado autoritário de sua origem.

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