Você está visualizando atualmente Investimento, consumo e sistema previdenciário

Investimento, consumo e sistema previdenciário

Foto: https://pixabay.com/pt/illustrations/fotomontagem-faces-%C3%A1lbum-de-fotos-1514218/

 

 

Somos uma sociedade de consumo, Ministro…

 

Para alcançar a retomada do crescimento econômico, o atual governo incentiva o investimento privado, com menor participação do Estado na economia e acredita serem atrativas todas as oportunidades de negócios para os investidores. Esquece, ser atraente para o capital privado somente as regiões ricas, onde se tem uma ampla rede de infraestrutura e alta densidade populacional. Nas demais regiões, principalmente no norte e nordeste, não são todas opções viáveis economicamente para o capital particular e o Estado terá de investir diretamente ou gerar estímulos.

Nesse sentido, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, não cansa de tecer elogios aos investidores e todas as suas ações são agradar aos seus pares. Em entrevista à Folha de São Paulo, afirmou que os ricos sabem capitalizar seus recursos e os pobres não poupam e consomem tudo. Dessa forma, criticou o alto consumo dos pobres, sem apresentar alternativas para reverter essa situação, como por exemplo, pela implementação de um programa nacional de educação financeira para a geração de cidadãos economicamente independentes.

O Ministro esqueceu ser o Brasil uma economia capitalista baseada no consumo, onde todo investimento espera encontrar um mercado, interno e/ou externo, interessado em seus produtos e serviços.

O consumo é efetuado por todas as camadas da população, não só pobres, mas denota as desigualdades sociais do país. Enquanto os pobres têm parcos rendimentos, insuficientes, muitas vezes, para arcar com o consumo de itens essenciais, como habitação, alimentação, transporte, saúde, etc, os ricos gastam uma parte de sua renda em itens essenciais e supérfluos, o restante da renda é aplicado em renda fixa ou variável, investido em outros ativos, como imóveis, negócio próprio, etc.

O Brasil sempre teve um mercado interno de consumo forte e também uma baixa taxa interna de poupança. Por outro lado, países como o Japão, têm uma alta taxa interna de poupança e o Governo deles tenta incentivar o aumento do consumo, sem resultado, e já são 30 anos de recessão e deflação.

A alta taxa interna de poupança está ligada ao sistema previdenciário. Vejamos.

O Japão não tem um sistema previdenciário, as famílias poupam durante toda a sua vida produtiva para terem renda disponível na velhice.

Já o Brasil tem um sistema previdenciário garantidor de um mínimo para a sua população e tem uma baixa taxa interna de poupança.

Com a aprovação no Brasil, neste ano, da reforma da previdência, com a retirada de diversos benefícios, no futuro as famílias brasileiras pouparão mais, teremos uma alta taxa interna de poupança, mas contaremos com um fraco mercado interno de consumo, a exemplo do Japão hoje, quando então o mercado será o dos sonhos do atual Ministro da Economia, sem direitos previdenciários, onde as pessoas consomem menos e investem para garantir o seu futuro.

Este post tem um comentário

  1. Douglas

    Acho que afirmar que uma mera reforma da previdência vá levar a uma mudança cultural é muito, nossos “vizinhos” EUA possuem um sistema previdenciário muito pior que o nosso e nem por esse motivo possuem um mercado consumidor fraco. Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/economia/story/2003/07/printable/030725_previdenciaaw2.shtml . Possuir mais renda sim pode ajudar as pessoas a pouparem mais, quem pensa que as pessoas não poupam por quererem consumir mais, está tremendamente enganado.

Deixe um comentário