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Foto: Olieman Eth (https://unsplash.com/photos/K_3UV1ZFcJ0)

Inflação gera efeito do “preço a lápis”, disparada dos juros e alteração de hábitos

Com a estabilidade dos preços gerada pelo Plano Real, desde 1994 os restaurantes passaram a ter cardápios fixos com preços, com trocas pontuais depois de um lapso de tempo. Entretanto, com o ritmo inflacionário iniciado em 2021, atingimos 10,06% de inflação, maior índice desde 2015, ultrapassando a meta anual do Banco Central (BC) de 3,75%, e os restaurantes (figuradamente) voltaram a ter cardápios com preços escritos a lápis.

A inflação fez os hábitos das pessoas mudarem, devido a disparada dos preços e a perda do poder de compra dos rendimentos. Além disso, os efeitos da inflação são potencializados pelos danos da renda causados pela pandemia do coronavírus e pela disparada do desemprego. Encher o tanque do veículo tornou-se um luxo.  A carne de boi foi substituída pela de frango. As classes mais humildes aboliram o uso de fogão a gás e reacenderam seus fogões movidos a lenha. O preço da energia elétrica tornou-se proibitivo, devido aos reajustes sucessivos e tarifa extraordinária da crise hídrica. A inflação de alimentos tem gerado limitação para as famílias adquirirem o mínimo necessário de alimentos e o Brasil retornou para o mapa da fome mundial. O aumento do custo da habitação, por sua vez, tem gerado na mesma proporção, um maior número de famílias morando nas ruas.

Em uma cruzada solitária, o BC aumentou a taxa de juros de 2% para 9,25% a.a. em dezembro de 2021 para enfrentar a inflação e deve redobrar esforços em 2022 para combater a inflação. Esse aumento de juros, não tem sido acompanhado pelo governo, com aumento da arrecadação e diminuição dos gastos, ou mesmo implementação reformas estruturais como a tributária, a administrativa, etc.

Para 2022 esperava-se o ritmo inflacionário estabilizar e adotar ritmo de queda, mas as tensões mundiais, devido aos atritos entre a Ucrânia e a Rússia, geraram a disparada do preço do petróleo no mercado mundial. Também, internamente, tivemos o reinício das turbulências políticas, aumento de gastos para combater os efeitos da nova variante do coronavírus e a intenção do governo de adotar quaisquer gastos para atingir fins eleitorais. Além disso, o excesso de chuvas nas regiões sudeste e na Bahia e a seca na região sul geraram disparada dos preços dos alimentos.

O governo não deve adotar controle de gastos e não fará reformas estruturais, por isso o BC deve manter os ajustes das taxas de juros para fazer a inflação ficar dentro do limite de metas previsto para 2022 de 3,25%, conforme afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na Carta enviada para o Ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a disparada da inflação em 2021: “Eventual esmorecimento no esforço de reformas estruturais e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

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