Todas as instituições devem elaborar regulamentos e códigos de ética para regular a conduta do seu corpo funcional. Em seu quadro temos a maioria das pessoas com boa índole e as com desvios de conduta (corrupção, abusos, etc.) devem ser identificadas e punidas.
O governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, garantiu benefícios para os militares, como uma reforma previdenciária específica e mais benéfica, reajustes salariais, principalmente para os altos escalões, e a ala militar apoiadora do presidente ocupa cargos no governo e têm seus soldos acrescidos com os vencimentos.
Infelizmente, temos um momento delicado da vida nacional, envolto em crise sanitária, política, econômica, hídrica/energética, etc., com desgaste político do governo e reflexo na imagem das forças armadas. Os militares demonstram dificuldades de assumir o ônus do poder, como imagem, convivência com a oposição e com outras instituições.
Em um dos episódios, no dia 07.07, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do Senado, Omar Aziz, após ouvir o depoimento para apurar irregularidades na compra de vacinas contra a Covid, afirmou existir “membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo…os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados”.
No mesmo dia, 07.07, o Ministro da Defesa e todos os Comandantes, assinaram nota de repúdio às declarações do presidente da CPI, considerando-as desrespeitosas e “atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos. Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.”
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, contactou o Ministro da Defesa, e, após isso, considerou o assunto esclarecido e encerrado.
O manifesto das forças armadas foi desproporcional e enfrentou outras instituições, mas esperava-se mais, como a exaltação do seu quadro efetivo e o compromisso de repreender os desvios de conduta, em sintonia com a sua nota do dia 07.07, quando afirmou ser “fator essencial da estabilidade do País” e, por isso, deveriam sair da retórica e partir para a prática, com averiguação das denúncias reveladas pela CPI da Covid, ocorridos no Ministério da Saúde, onde estão lotados dezenas de militares, sob pena de apenas serem lembrados de sua participação em um governo incompetente para gerir os graves problemas nacionais.