A recente fase da Operação Carne Fraca, chamada “A Trapaça”, deflagrada pela Polícia Federal, contra a BRF, sigla que engloba as marcas comercializadas da Sadia, Perdigão, Qualy, etc.
Nesta fase foram presas 10 (dez) pessoas, entre elas um ex-vice presidente da BRF, e feitas buscas em diversos endereços da empresa em São Paulo.
Os documentos utilizados pela operação apareceram em ação trabalhista contra a BRF, nos quais são relatados omissões e adulteração de resultados de análises sobre contaminação de produtos pela bactéria salmonela, tudo com o intuito de burlar a fiscalização.
Ao todo 3 (três) fábricas da BRF tiveram a autorização de exportação suspensas e correm o risco de serem fechadas, caso sejam detectadas novas irregularidades.
Como sempre, os executivos da empresa se dizem estarrecidos, afirmam que seguem todas as regras fitossanitárias e, para a opinião pública, fica claro que a indústria alimentícia dificilmente passaria por uma fiscalização geral e mais rigorosa.
E, como sempre digo, o melhor alimento é aquele fresco, ou seja, recém colhido da fonte, no caso, a carne retirada do boi ou do frango, o ovo retirado do galinheiro, o leite recém tirado da vaca, etc.
E é como há cerca de 50 anos as famílias brasileiras viviam. Moíam o seu café, descascavam o arroz, coziam os pães, abatiam e cozinhavam as carnes (de galinha, de boi, de porco, etc.), tiravam o leite da vaca, etc. Nas cidades o leiteiro passava nas casas entregando o leite vindo diretamente das fazendas, os consumidores iam ao açougue comprar carne do boi abatido nos fundos do próprio açougue, as próprias pessoas criavam e matavam porcos em casa para retirar a carne e a gordura.
Então começaram a prosperar a agroindústria, os costumes e os hábitos mudaram, foram implantadas regulamentações para produção de alimentos e criados mecanismos de fiscalização governamentais, sendo divulgado que os produtos industrializados eram mais saudáveis para o consumidor e passavam por rigoroso controle de higiene e de fiscalização.
Constatamos, aturdidos, se tratar de “conversa fiada” com o único intuito de aumentar os lucros dos grandes produtores, agrícolas e industriais.
A realidade é outra e os exemplos de irregularidades são incontáveis
No caso do leite colhido na fazenda. É entregue a preços baixos em cooperativas e, caso esteja “azedo”, já tivemos casos de serem adicionados produtos e o mesmo foi vendido no mercado consumidor, na forma de leite ou derivados.
No caso de carne. A carne retirada dos bois e dos frangos são cortadas, empacotadas e enviadas para os supermercados, mas muitas vezes ao abri-las constatamos um “cheiro muito forte” de carne perdida. Quer dizer aquele prazo de validade e a certificação do produto são pura formalidade para enganar o consumidor. Além disto a fiscalização é falha e, pior, pagamos por tudo isto, pela carne, pelo empacotamento, pelo transporte, pela certificação, pela fiscalização, etc.
Infelizmente muitas vezes a indústria de alimentos faz um grande trabalho de reaproveitamento, onde nada se perde, pois não se pode perder uma venda, um faturamento, enfim, não pode o lucro diminuir. Quem paga como sempre é o consumidor, com o seu “suado” dinheiro e também com a sua saúde por consumir produtos estragados, imprestáveis, contendo substâncias proibidas, etc.
Ligue o seu rádio e a sua televisão para ser alvo de publicidades divulgando produtos alimentícios como saudáveis e de boa qualidade, tudo para nos convencer a consumi-los. Falar e enganar é fácil utilizando campanhas publicitárias milionárias, com rostos bonitos e saudáveis.
No caso, as autoridades públicas, no interesse público e para proteger o mercado consumidor, deveriam ser mais rígidas com as irregularidades fitossanitárias e prescrever multas altas, recolher os produtos e determinar o fechamento de estabelecimentos que tenham praticado as práticas desleais.