O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no dia 11.04, fez apresentação e discursou em evento promovido pela Arko e Traders Club (TC).
Ele disse ter sido uma surpresa o resultado da inflação de 1,62%, em março de 2022, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e afirmou que será avaliado o movimento inflacionário pelo Comitê de Política Monetária (Copom): “Estamos analisando as surpresas e vamos ver se muda algo na tendência. As surpresas se apresentaram também em outros países, em diferentes magnitudes. A realidade é que nossa inflação está muito alta. Os núcleos estão muito altos. Temos comunicado com a maior transparência possível nosso processo de enfrentamento a essa inflação mais alta e persistente. É um tema que vamos discutir nos próximos dias”.
Essa declaração e o fato do acumulado dos últimos 12 meses do IPCA ser de 11,30%, reforçam a perspectiva de aumento da taxa de juros na próxima reunião do Copom.
Estarrece o presidente do BC ter estado surpreso com o repasse rápido para os preços do reajuste dos combustíveis e gás de cozinha, no dia 11.03 (18,77% da gasolina, 16,06% do gás de cozinha e 24,93% do diesel), mostrando desconhecer o fato dos empresários serem ágeis na remarcação de preços para evitar prejuízos para os seus negócios.
O presidente do BC está inserido na bolha do poder e envolvido em reuniões diárias. Ele não tem contato com o mundo real, onde poderia constatar a velocidade do repasse dos aumentos de preços em diversos locais, como, por exemplo, nos postos de gasolina e supermercados.
Longe da realidade, ele fica à mercê de relatórios feitos pelos seus assessores (frios, sem vida e alheios à realidade) e, dessa forma, não sabe o preço do café que toma nas reuniões, do arroz e da carne que come, do combustível gasto pelo carro oficial, etc.
Enquanto ele está surpreso, o brasileiro está indignado com o reajuste generalizado de preço e com a perda do poder aquisitivo de sua renda.
Além de surpreso, o presidente do BC também está solitário no governo na luta contra inflação, enfrentará sozinho o desgaste do aumento das taxas de juros, enquanto os demais agentes políticos mantêm a gastança em um ano eleitoral.
O presidente do BC precisa conseguir aliados na luta contra a inflação, pois não teremos bons resultados para o país com o cenário complexo de juros altos, aumento de gasto público e da dívida pública, incertezas políticas em ano eleitoral fazendo a cotação do dólar aumentar, guerra da Rússia na Ucrânia prolongada, etc.
Entretanto, até o momento ele, por questões políticas, se mantém servil, espectador da liberação de verbas, sem chamar os demais agentes públicos para engajar em sua luta de combate à inflação. Não será surpresa a inflação atingir índices mais altos.