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As eleições presidenciais de 2018 trouxeram grandes transformações para o Brasil, como o fim do eixo partidário formado por PT e PSDB, a eleição de uma direita conservadora nos costumes e liberal na economia, mas também trouxe a forma digital de se fazer eleições, com um custo financeiro bem menor do que as campanhas presidenciais anteriores.
O candidato vitorioso, Jair Bolsonaro, ficou fora da campanha tradicional, tinha o menor tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV, não tinha fundo partidário, não concedeu entrevistas, não participou de debates e optou por utilizar as redes sociais. Por tudo isto, era considerado um candidato sem chances de ganhar a eleição.
Para efetuar a campanha criou, desde 2014, milhares de grupos no aplicativo WhatsApp para divulgar mensagens para os seus milhões de seguidores e admiradores. O conteúdo das mensagens eram discursos curtos, com ataques ao PT e ao PSDB, à ideologia de gênero. Propostas não eram apresentadas e somente se defendia o porte de arma, a família e a retaguarda jurídica para quem venha a matar para se defender.
Com a utilização das redes sociais de forma maciça, houve a explosão das notícias falsas (fake news), difíceis de serem refutadas na mesma velocidade de sua produção e divulgação, mesmo com os meios de comunicação terem adotado serviços de análise da veracidade das notícias das redes sociais.
A campanha virtual encorajou as pessoas a exporem as suas emoções primárias para atacar quem pensa de forma diferente. Assim, o ambiente virtual ficou carregado de rótulos políticos, com conteúdo programático vazio, despolitizado e cheios de conteúdo emocional, discurso de ódio e difamação, ataques verbais e acusações mútuas entre direita e esquerda, marcados pela polarização política e emocional, do tipo “amo”, “odeio eles”, etc.
Bolsonaro, durante o processo impeachment de Dilma Rousseff, iniciou a polarização do “nós” contra “eles”. Foram feitas refutações de todos os problemas e virtudes do petismo, como aparelhamento, conivência com a corrupção, agendas de igualdades (gênero, raça, etc.), bolsa família, direitos trabalhistas, etc. Elegeram como inimigo a “esquerda”, com ataques virtuais, muitas vezes utilizando notícias falsas (fake news).
Os seguidores se colocaram em polos opostos e esta polarização política foi utilizada profissionalmente para atingir objetivos estratégicos dos candidatos.
O resultado final foi a eleição de Jair Bolsonaro e o impulso às candidaturas do seu partido, PSL, com 52 deputados federais eleitos, além de estímulos à eleição de candidatos de direita nos principais colégios eleitorais do país (MG, SP e RJ). Também tivemos os efeitos da intolerância extrapolarem o resultado eleitoral, causados pela oposição “nós” contra “eles”, e gerar um Brasil dividido, com o rompimento de laços de amizades e familiares, muitas vezes difíceis de reconciliação no curto prazo.