No próximo dia 8 de janeiro, o Brasil completará dois anos de um dos episódios mais graves contra sua democracia: os ataques aos prédios dos Três Poderes em Brasília. Liderados por uma turba de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, os invasores depredaram as sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto, em um ato de afronta ao governo recém-eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os manifestantes, que há meses acampavam em frente aos quarteis do Exército, viram no dia 08.01 o ápice de seus objetivos: invadir a Praça dos Três Poderes e, em sua visão, criar as condições para uma intervenção militar que instaurasse uma junta no comando do país. Em clima de celebração, os atos foram amplamente documentados pelos próprios participantes e compartilhados nas redes sociais, como se fossem uma demonstração de poder e patriotismo.
Apesar de alegarem defesa da liberdade de expressão e combate à esquerda, os manifestantes ultrapassaram os limites constitucionais e caíram na ilegalidade. A tentativa de golpe, que incluía a destruição de bens públicos e violência contra as instituições, configurou crimes graves previstos no Código Penal brasileiro.
A resposta foi imediata: a maioria dos envolvidos foi presa e enfrenta processos judiciais, com penas que chegam a 17 anos de prisão. No entanto, enquanto a base mais frágil dos apoiadores já cumpre suas condenações, os principais idealizadores do golpe ainda estão sob investigação. Muitos já foram indiciados e aguardam julgamento, mas há quem acredite que a punição para os responsáveis intelectuais e financeiros do movimento será um processo mais demorado.
Os ataques de 8 de janeiro não foram um ato isolado, mas parte de uma série de ações antidemocráticas que começaram logo após a vitória de Lula em 2022. Entre elas, destacam-se a obstrução de rodovias, explosões de torres de energia, ataques à sede da Polícia Federal em Brasília e até uma tentativa de detonar bombas no aeroporto da capital.
Infelizmente, há quem busque minimizar os ataques e até defender uma lei de anistia para os envolvidos. A proposta gera controvérsias e reacende o debate sobre a necessidade de fortalecer a democracia por meio da responsabilização dos que a ameaçam.
Especialistas alertam que, caso os idealizadores do golpe tivessem alcançado êxito, o Brasil estaria hoje sob o controle de uma junta militar, com graves restrições às liberdades civis, intervenção no Judiciário e no Congresso e censura à imprensa. Um cenário que remeteria às sombras de regimes autoritários do passado.
A democracia brasileira, embora resiliente, mostrou mais uma vez que sua sobrevivência tem um preço alto. Para que eventos como o de 8 de janeiro não se repitam, é essencial que o Brasil, como nação, não permita que crimes contra seu sistema democrático sejam esquecidos ou negligenciados.