O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 04.06 que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o quarto trimestre de 2023. Esse crescimento é um sinal positivo para a economia brasileira, mas não foi generalizado.
Os serviços destacaram-se com um crescimento de 1,4%, impulsionados principalmente pelo comércio (3,0%) e informação e comunicação (2,1%). Este crescimento é um indicativo da retomada do consumo das famílias, corroborado por uma taxa de desemprego em queda e aumentos salariais. A geração de empregos e os reajustes salariais, incluindo o aumento do salário mínimo acima da inflação, têm impulsionado a demanda interna, embora a taxa de poupança tenha caído para 16,2%, sinalizando que as famílias estão consumindo mais em vez de poupar, o que pode ser insustentável no longo prazo.
A agropecuária cresceu expressivos 11,3%, refletindo um desempenho robusto após um ano difícil. No entanto, este setor é notoriamente volátil e suscetível a condições climáticas adversas e variações de preço no mercado global, o que levanta preocupações sobre a sustentabilidade deste crescimento.
A indústria, por outro lado, ficou praticamente estável, com uma leve queda de 0,1%. Destaque para a Indústria de Transformação, que cresceu 0,7%, enquanto setores como Eletricidade e gás, e Construção apresentaram quedas. Este desempenho misto sugere desafios estruturais que precisam ser endereçados para garantir um crescimento mais equilibrado entre os setores econômicos.
A expansão do PIB no trimestre advém de fatores temporários, como o aumento do consumo das famílias e investimentos pontuais. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 4,1%, indicando um aumento na confiança empresarial e nos investimentos em capacidade produtiva. No entanto, a taxa de investimento, em 16,9% do PIB, ainda está abaixo do necessário para sustentar um crescimento econômico robusto a longo prazo.
As perspectivas para o resto do ano são incertas. A tragédia no Rio Grande do Sul deve impactar negativamente o crescimento no segundo trimestre, e as incertezas externas, especialmente a política monetária dos Estados Unidos, podem afetar o fluxo de capital para países emergentes como o Brasil. Embora o desemprego esteja em queda e haja um superávit na balança comercial, grande volume de reservas e queda da inflação, há desafios significativos à frente.
O crescimento de 0,8% é um indicador positivo, mas o trabalho dos agentes econômicos, públicos e privados, enfrenta desafios para garantir a sustentabilidade do crescimento nos próximos períodos e anos. São necessárias reformas estruturais, aumento da produtividade, incentivos ao investimento e à poupança, e uma gestão fiscal equilibrada para que o Brasil possa retomar o grau de investimento pelas agências internacionais de avaliação e assegurar um crescimento econômico sustentável e inclusivo.