No dia 06.11, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 11,25% ao ano, em uma decisão que, embora busque controlar a inflação, traz repercussões significativas para o crescimento econômico e o mercado de trabalho no Brasil. Em um contexto de persistente pressão inflacionária e instabilidade econômica externa, a medida reforça o compromisso do Copom com a estabilidade dos preços, mas levanta questionamentos sobre os impactos negativos de uma política monetária contracionista prolongada.
A autonomia do Banco Central, estabelecida pela Lei Complementar nº 179/2021, garante à instituição a liberdade de adotar medidas de política monetária focadas exclusivamente na estabilidade inflacionária, sem interferência direta do governo. No entanto, ao elevar a Selic, o Banco Central coloca o país em um ciclo de juros altos que pode restringir o crédito e desestimular o consumo e o investimento, afetando diretamente setores como construção civil e comércio, que dependem fortemente de financiamento.
Em comunicado, o Copom destacou o cenário externo, particularmente a economia dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed) também enfrenta inflação e precisa ajustar suas políticas monetárias. No Brasil, o cenário interno segue aquecido, com inflação acima da meta, levando o Copom a adotar uma postura cautelosa. O comitê também enfatiza a preocupação com a inflação no setor de serviços, que se mostra especialmente resistente ao aumento de juros.
Embora a independência do Banco Central proporcione autonomia para focar na estabilidade de preços, ela também impõe a responsabilidade de avaliar cuidadosamente os efeitos de juros elevados na economia real. A elevação dos juros, como destaca o Copom, visa atrair investimentos e estabilizar o câmbio em um ambiente de incertezas fiscais, mas também pode comprometer a recuperação econômica e o mercado de trabalho, dificultando o crescimento e a criação de novos empregos.
Para o Copom, o ajuste na Selic é fundamental para a convergência da inflação à meta nos próximos anos. A expectativa é de uma inflação de 4,6% em 2024 e 4% em 2025, ainda acima do objetivo, mas a um nível que justifica a manutenção de uma postura monetária conservadora. No entanto, o custo dessa estratégia poderá ser sentido na economia real, com crédito mais caro e consumo enfraquecido, especialmente em setores mais vulneráveis às taxas de juros elevadas.
Assim, a decisão de subir a taxa de juros reflete uma estratégia independente do Banco Central para proteger a estabilidade dos preços e reforçar a confiança do mercado, mas também evidencia os desafios que taxas elevadas representam para o crescimento econômico de longo prazo e para a manutenção de empregos. Por outro lado, o aumento da Selic forçou o governo federal a fazer revisão para adotar medidas de corte de gastos, em uma medida fiscal importante para sinalizar o compromisso do governo em atingir as metas do arcabouço fiscal.