Foto: Li Yang (https://unsplash.com/photos/5h_dMuX_7RE)
A China representa uma forma de ditadura não pessoal, com rigidez de controle político pelo Partido Comunista Chinês e tem um capitalismo de Estado, de abertura comercial sob controle estatal.
O presidente Xi Jinping, desde 2012, amplia e aperfeiçoa seu controle sobre o Partido, e chefia a Comissão Central Militar, órgão controlador das forças armadas.
O Partido controla as ideias, o tamanho das famílias, a internet, os lugares onde as pessoas estão, o direito de ir e vir, etc.
Na pandemia, o aparelhamento estatal controlou o coronavírus, através do aperfeiçoamento do controle, com obrigatoriedade de testagem, aplicativos para mapear deslocamentos, quarentenas rigorosas, medição de temperatura com o reconhecimento facial, etc. Na economia, como em outros países, o Estado ganhou maior presença na economia, com forte controle sobre as empresas, a economia cresceu, as exportações e os investimentos internacionais aumentaram. Para o mundo, ficou patente a dependência de produtos hospitalares fabricados na China (respiradores, máscaras, insumos, etc.).
A China vive alguns problemas similares aos países capitalistas, agravados durante a pandemia, como a extrema desigualdade, em meio a super concentração de renda e patrimônio.
Por sua vez, o controle sanitário da pandemia e o persistente crescimento econômico fortalecem o modelo político chinês e restringe, até o momento, a oposição política, sendo exemplo, o sufocamento recente do movimento pró-democracia em Hong Kong.
Em toda ditadura, e a chinesa não é diferente, existe uma “aparente” normalidade na sociedade, pelo fato das pessoas não protestarem, por esta prática ser vedada, sob pena sofrerem represálias.
Por outro lado, maior controle sobre a sociedade limita a capacidade de criatividade e inovação. A falta de abertura à participação popular, gera acomodação e falta de cooperação das pessoas. Tudo isso, causa falta de dinamismo e de eficácia, e, pior, passa a ideia de normalidade permanente. Isso pode inibir os planos de a China superar os Estados Unidos, como líder militar e econômico. Entretanto, a China aumenta o multilateralismo e, dessa forma, aumenta o número de países sob a sua influência e dependência.
Em meio a isso, os maiores desafios da China para se tornar uma superpotência tem sido conciliar falta de liberdade com crescimento econômico e solucionar a desigualdade de renda. O ideal seria conciliar o crescimento econômico com mecanismos de coexistência e de reivindicação, porque mesmo uma sociedade perfeita ela sempre terá novos desafios a suplantar.
Na busca por autonomia e condições similares de produção, o momento da pós-pandemia é ideal para os países reimplantarem os seus parques industriais e também para adotarem exigências fitossanitárias e sociais para a importação de produtos chineses, exigindo respeito ao meio ambiente, a direitos trabalhistas mínimos, a patentes, a cláusulas democráticas, etc.