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Brasil Industrial: A primarização das exportações, da economia, do emprego e da renda

Fotos: Jakub Skafiriak (https://unsplash.com/photos/AljDaiCbCVY)

 

 

 

A desindustrialização brasileira traz reflexos negativos para a economia nacional.

De 1930 a 1990 tivemos um processo de industrialização. Em 1978, pela primeira vez na história brasileira, passamos a ter a predominância dos manufaturados na pauta de nossas exportações. Em 1990 tivemos a implantação de uma nova política industrial com a abertura às importações. A chegada dos produtos importados coincidiu com o Plano Real, implantado em 1994, e teve efeito positivo no controle da inflação. Após o Plano Real, a situação da indústria somente agravou com a valorização do câmbio.

Sem incentivos e com o dólar valorizado, o produtor nacional não conseguiu concorrer com o produto importado e nem foi competitivo para ser exportado.

A partir daí, a concorrência dos produtos importados dizimaram ramos da indústria nacional de manufaturados, principalmente de tecidos, confecções, fios, eletroeletrônicos.

O reflexo da desindustrialização é hoje as commodities representarem 70% das exportações brasileiras.

Na pandemia do coronavírus não conseguimos produzir itens básicos para o combate à doença, como respiradores, máscaras, luvas, etc.

Passamos de uma pauta de exportações de manufaturados, em 1978, para commodities, em 2020, e os Estados Unidos foram substituídos pela China como maior parceiro comercial.

O Brasil, no seu caminhar para o desenvolvimento econômico vinha no caminho correto da industrialização, mas retrocedeu de uma economia industrial para primária.

Exportamos primários e importamos produtos sofisticados, como celulares, computadores, etc. Os saldos financeiros da exportação de produtos primários podem, no curto prazo, serem benéficos para o país, mas, no longo prazo, temos de ter uma indústria agregadora de valor.

Uma economia primária, dependente da extração de produtos minerais, agrícolas e pecuários, é sinal de uma economia de uso intensivo de mão-de-obra desqualificada, recebedoras de salários baixos, com pouco uso de tecnologia, gerando menor arrecadação de tributos e acumulação de capital. Por outro lado, uma economia industrial e tecnológica tem a formação de mão-de-obra qualificada, pesquisas para agregar valor aos produtos, uso de equipamentos mais sofisticados. Isso gera na economia todo um efeito direto, como a existência de escolas renomadas, institutos de pesquisa avançada e, principalmente, indústrias contratando mão-de-obra qualificada e bem remunerada, uso intensivo de tecnologia, maior arrecadação de tributos e geração de acumulação de capital.

O governo deve planejar o seu desenvolvimento e adotar política de incentivo para o fortalecimento de sua indústria e tecnologia, com avanços evolutivos, pois somente esse rumo é capaz de gerar mais renda e futuro para todos (empresários, trabalhadores e governo) e do Brasil adquirir maior relevância na economia mundial.

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