A Petrobras anunciou, dia 18.02, o quarto reajuste em 2021 nos preços dos combustíveis, de 10,2% da gasolina e 15% do diesel, nas refinarias.
No mesmo dia, Bolsonaro se irritou, afirmou a intenção de fazer mudanças na empresa e anunciou isenção de impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha.
Bolsonaro disse: “…como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né, ‘eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou, o presidente da Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente”.
A seguir, houve intervenção na Petrobras, com indicação do atual diretor-geral da Itaipu Binacional, Joaquim Silva e Luna, como novo presidente e conselheiro de administração da empresa.
A intervenção na empresa, com possível quebra de sua política de preços e até manipulação, fez no dia 19.02 as cotações das ações da empresa despencarem e, em cascata, houve desvalorização de todas as empresas estatais.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) divulgou nota de repúdio à intervenção na Petrobras e enfatizou a importância da escolha do corpo diretivo das empresas pelos conselhos de administração, de forma independente e não partidária, nestes termos: “No Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa (5ª edição, 2015) e em todos os documentos produzidos pelo IBGC que abordam a governança de estatais e o processo de escolha de administradores, fica claro que, para cumprir sua missão, o conselho de administração deve selecionar, avaliar, fiscalizar e destituir membros da diretoria de forma independente e protegida de interesses político-partidários.”
Infelizmente as boas práticas de administração não tem sido o forte do atual governo e seus arroubos geram dificuldades e desgovernança no governo. No caso, houve prejuízos para os investidores, acionistas minoritários.
A política de preços da Petrobras tem gerado dificuldades para os consumidores. Entretanto, antes de fazer intervenções desastrosas, poderia ter sido estudadas outras formas para evitar novos reajustes dos combustíveis, como a união de todas as instituições governamentais para executar uma política para esse fim. Não se pode esquecer a tendência mundial de descontinuidade de combustíveis poluentes e o modal rodoviário poluente está em transição (pelos próximos 20 anos) para veículos elétricos (não poluentes) e autônomos (sem motorista).
A economia brasileira está inserida no mercado internacional e tem os preços de itens essenciais vinculados à cotação internacional e ao câmbio, por isso o aumento da cotação da tonelada da soja é bom para as nossas exportações, mas é ruim para o mercado interno, devido ao encarecimento do produto nas gôndolas. Nesse contexto, o consumidor, não organizado corporativamente como os caminhoneiros, é incapaz de se unir para contestar o grande aumento dos bens essenciais.