No dia 06.05, no Rio de Janeiro, a Polícia local efetuou a operação mais letal da história do estado, com a morte de cerca de 28 pessoas.
A Polícia Civil, em nota, afirmou estarem os agentes a realizar operação contra traficantes, que estavam aliciando crianças e adolescentes, com exploração do tráfico de drogas, roubo de cargas e a transeuntes, homicídios, etc. Foram identificados 21 criminosos e foi “montada uma estrutura típica de guerra provida de centenas de ‘soldados’ munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares“.
Dessa forma, uma operação planejada teve resultado desastroso e incompetente, mostrou a necessidade de melhorar a forma investigativa e logística de atuação da polícia.
A invasão do morro da favela do Jacarezinho, teve tiroteios, veículos blindados, helicópteros, adentraram ruas e casas. Os relatos mostram corpos, rastros de sangue, acusações de torturas, moradores baleados em suas casas, móveis revirados.
Diferentemente, as operações policiais realizadas em prédios e bairros de luxos, ocorrem de forma ordeira, filmada e com permissão para entrar nas residências.
Para todos os locais, seja bairros luxuosos ou favelas, deve-se adotar um padrão de operação para respeitar os moradores e adotar táticas de inteligência efetivas para prender os criminosos.
Não pode a polícia agir nas favelas de forma violenta e ter a certeza de impunidade, por ali morar pessoas humildes e, teoricamente, com mais dificuldades para reclamar. Deve agir para diminuir o histórico de descaso da polícia com regiões humildes onde moram, na maioria, pobres e pretos, sob a justificativa de enfrentamento de criminosos com alto poder de fogo.
Essa operação descumpriu restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na pandemia do coronavírus, para as polícias justificarem ao Ministério Público as incursões em comunidades.
A operação ocorreu uma semana após a posse do governador do Rio, Cláudio Castro. Ele afirmou estar interessado nas apurações e disse: “A reação dos bandidos foi a mais brutal registrada nos últimos tempos. Armas de guerras prontas para repelir a ação do Estado e evitar as prisões a qualquer custo.” Seu antecessor, Wilson Witzel, comemorava publicamente a morte de criminosos com um tiro na “cabecinha”.
Os seguidos governos não mostram empatia com as comunidades afetadas, mas a sociedade não pode esperar nova tragédia, com morte de policiais, criminosos e civis inocentes. É urgente a polícia passar a, efetivamente, realizar operações com o resguardo dos policiais e dos civis inocentes, com o objetivo de capturar “com vida” criminosos identificados para responderem por seus atos na justiça, passando da política primitiva de “bandido bom é bandido morto” para a civilizatória de “bandido deve ser julgado e cumprir pena”.