Foto: Ashkan Forouzani (https://unsplash.com/photos/IXSgwfBGnCg)
O coronavírus causa milhares de mortes, apesar dos esforços preventivos. Aguardamos a vacina, mas, por enquanto, o minúsculo vírus vence e mata.
O Ministro, Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, STF, no dia 11.07, em debate, disse: “…não é aceitável, que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde, pode-se dizer até a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a Estados e municípios. Se for essa interpretação, é preciso fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara. O Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável, não é razoável para o Brasil. É preciso dizer, é preciso por fim a isso”. Essa fala gerou polêmicas.
O Ministério da Defesa emitiu nota, dia 13.07, na qual diz: “Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e, sobretudo, leviana”. A seguir, encaminhou representação à Procuradoria Geral da República, PGR, para pedir a adoção das medidas necessárias.
Essas discussões torna visível a indignação de muitos, desde as famílias com os seus mortos, até a revolta contra os responsáveis por políticas públicas. Entretanto, quanto a fala de Gilmar Mendes, as autoridades irão se pronunciar sobre os fatos apresentados (se houve dolo ou não, se ocorreu ou não agressão, etc.).
O General Eduardo Pazuello está como interino no Ministério da Saúde, e o segundo escalão é composto por militares, sem formação médica, porém, caso o governo obedecesse aos critérios meritocráticos e, ainda assim, insistisse ter militares na administração desse ministério, poderia ter chamado médicos das três armas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Entretanto, como em outras áreas, aparelhou (como os outros governos) o quadro com indicações políticas.
A presença de militares no governo tem sido criticada, sob a alegação das forças armadas deverem estar a serviço da nação e não de um governo. Além disso, os milhares de militares, titulares de cargos políticos no governo, aceitam o bônus dos cargos (vencimentos), mas se ressentem com o ônus das críticas (prática comum em uma democracia). É da natureza dos cargos políticos as críticas e todas elas devem ser enfrentadas com argumentos verbais fundamentados.
Na realidade, todos ocupantes de cargos no governo estão vinculados à atual perda de milhares de vidas, causadas pelo coronavírus, e nesse momento de urgência, onde todas as pessoas têm um conhecido morto pelo vírus (parente ou amigo), exige-se a adoção de ações prudentes, até para não caracterizar negligência. A definição dos culpados será no futuro, quando ficarão mais claras as responsabilidades. Agora exige-se ações mais efetivas no combate ao vírus, menos discussões inócuas, mais união, menos politização da questão.