Foto: Força Sindical
O setor financeiro brasileiro é dominado por 5 (cinco) grandes bancos, 2 públicos e 3 privados, os quais são responsáveis por mais de 80% do volume do crédito total do país.
Lucros e recordes de lucros tem sido a característica deste setor, seja nos momentos de pujança ou de crise da economia brasileira.
Mesmo com a diminuição dos índices oficiais inflacionários, os bancos mantém altos spreads (diferença entre o índice de captação e de empréstimo do dinheiro) e onera toda a economia brasileira ao dificultar e encarecer os empréstimos bancários.
O governo, por sua vez, controlador dos bancos públicos, no interesse público, poderia exigir destes a diminuição dos juros, mas não o fez, até o momento, talvez por temer com isto causar o aumento da participação dos bancos públicos no mercado financeiro nacional e, com isto, vir a afetar interesses dos bancos privados.
No interesse público devíamos ter bancos públicos fortes e voltados para o desenvolvimento do Brasil, para disponibilizar crédito para o processo produtivo, comprometidos em gerar renda e emprego, cobrar taxas de juros acessíveis para a população e as empresas, ser referências em termos de política de crédito e de cobrança de juros baixos.
A baixa das taxas de juros para os clientes traria o aquecimento do setor produtivo, aceleraria o investimento e reativaria o consumo interno, faria a conciliação de interesses de setores financeiros com os demais setores da economia nacional.
Não podemos ter um setor financeiro altamente lucrativo e com alta concentração, gerando intermináveis lucros e sem prestar serviços adequados para os demais setores da economia nacional.
O Fundo Monetário Internacional, FMI, considera que as causas dos altos juros e spreads bancários no Brasil advém da alta concentração bancária, dos custos administrativos e dos índices de inadimplência. A afirmação do FMI, rivaliza com a posição do Banco Central do Brasil, o qual não considera ser a alta concentração bancária no Brasil ser um fator causador da alta dos juros e dos spreads bancários.
O mercado financeiro, com alta concentração, tem sido alvo do aparecimento das fintechs, empresas de tecnologia para o oferecimento de serviços financeiros, muitas vezes sem a cobrança de taxas pelos serviços prestados aos clientes, tendo como exemplo Nubank, Banco Inter, etc. Este fato tem gerado reações dos bancos tradicionais, como a maior informatização e também tentativas de aquisições destas fintechs.
As fintechs são uma esperança de descontração do mercado financeiro nacional, apesar do Banco Central e do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) terem aprovado recentemente, de forma inesperada, a aquisição da XP Corretora pelo Banco Itaú, com o agravamento dos índices de concentração bancária.
Sabe-se que qualquer setor sem competitividade, oligopolizado (dominado por restrito número de fornecedores), como o mercado financeiro nacional, gera práticas anticoncorrenciais e contrárias ao interesse público, causa perpetuação de auto crescimento, desrespeita direitos básicos dos consumidores.
Além disto, a falta de concorrência ocasiona custo dos créditos e taxas de juros mais altos, sendo um entrave para o desenvolvimento nacional.
O Brasil, um país continental, poderia ter bancos regionais fortes, para realizar serviços locais, com rentabilidade menor, para prestar melhores serviços para os consumidores, mas o modelo adotado é de Bancos gigantes, com enormes lucros, intermediadores de recursos financeiros de forma nacional e deixando em desvantagens os consumidores enfraquecidos e dependentes de crédito nas condições impostas por um pequeno número de Bancos.