Devido o aumento pressão política para impeachment, o bloqueio das rodovias por caminhoneiros, abalos no mercado financeiro (queda da bolsa de valores, disparada da cotação do dólar, etc.) e receio das repercussões negativas dos seus discursos no dia 07.09, no dia 09.09, o presidente Jair Bolsonaro, divulgou “Declaração à Nação”.
A decisão de divulgar a declaração ocorreu após o presidente pedir ajuda ao seu conselheiro político, o ex-presidente Michel Temer, depois de ter feito reunião com os seus ministros, onde ficou demonstrada a perda de apoio do seu governo, seja no meio econômico ou militar.
Na abertura da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 08.09, o seu presidente, Luiz Fux, condenou as ofensas feitas por Jair Bolsonaro contra o STF e pediu para a classe política se dedicar a enfrentar os reais problemas brasileiros, quando disse: “…conclamo os líderes do nosso país a que se dediquem aos reais problemas que assolam o nosso povo: a pandemia, que ainda não acabou e já levou para o túmulo 580 mil vidas brasileiras, o que levou a dor aos seus familiares queridos; o desemprego, que conduz o cidadão ao limite da sobrevivência biológica; a inflação, que corrói a renda dos mais pobres; e a crise hídrica, que ameaça a nossa retomada econômica.”
Na “Declaração à Nação”, Jair Bolsonaro afirma serem os ataques no dia 07.09 aos outros poderes gerados no “calor do momento”. Entretanto, desde sua posse o presidente tem feito insultos a grupos minoritários, a instituições democráticas e a opositores políticos.
A Declaração foi uma decisão estratégica para amenizar os ataques dos discursos de 07.09 (principalmente, a afirmação de não acatar decisões judiciais) e evitar desgastes para seu clã, partidários e amigos, além de ganhar tempo para evitar o impeachment, aprovar reformas econômicas, conseguir espaço no orçamento para implantar o programa Auxílio Brasil (em substituição ao Bolsa Família), etc.
Quando Michel Temer foi presidente, Bolsonaro lhe fez oposição e até atiçou os caminhoneiros na greve de 2018. A escolha de Michel Temer é correta, pois ele tem experiência, tato e jogo político, das quais o atual presidente só tem experiência.
Michel Temer terá dificuldade para controlar o ânimo desagregador do presidente, pois ele, logo depois da divulgação da declaração, descumpriu o acordo e voltou a desacreditar o voto na urna eletrônica e fez ofensas a minorias.
Na avaliação do pós 07.09, Jair Bolsonaro não deu golpe, não uniu militares em torno de seu nome, não houve clima de guerra civil, o aparato repressivo obstou os excessos, na Declaração o presidente aceitou a convivência com os demais poderes e muitos seguidores ficaram decepcionados com o seu líder. No meio militar, não houve concordância, principalmente, com as consequências das desordens lideradas pelo presidente, como a permanência de seguidores na Esplanada dos Ministérios, os caminhoneiros continuarem a fazer bloqueios de rodovias pelo país e ameaça de descumprimento de ordens judiciais.