A queda de popularidade e a previsão de derrota em 2022 de Jair Bolsonaro foram geradas por sua administração caótica dos problemas brasileiros, como condução errada do combate à pandemia, inação no combate a ataques contra o meio ambiente, crise hídrica e apagão elétrico, desemprego, inflação, etc.
Desde o pós-guerra os liberais tentam chegar à presidência da República.
A União Democrática Nacional (UDN), com um programa liberal, viu seus opositores vencerem reiteradamente, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.
Cansada de perder, a UDN mostrou sua vertente autoritária e incitou o golpismo. Apoiou o golpe militar de 1964, com a crença da implantação de um governo com políticas liberais e de lhe ser entregue o poder, mas viu seus principais líderes, como Carlos Lacerda, serem cassados e exilados, e assistiu passiva a adoção de uma política econômica estatizante e intervencionista.
Após a redemocratização, Fernando Collor de Mello, com pauta liberal, assumiu a presidência por curto período, sendo afastado do cargo por um processo de impeachment.
Jair Bolsonaro aproveitou o momento da época de antipolítica e anti-PT, venceu as eleições de 2018 e concretizou o anseio de ter na presidência um defensor de programa econômico liberal.
A perda de popularidade e as previsões de perda das eleições de 2022, mostrou Jair Bolsonaro ter a mesma índole autoritária e golpista da UDN. Repete o discurso de aposta em um rompimento da ordem institucional, com um suposto apoio de alas das forças militares para ser mantido no poder.
Apesar dos frequentes discursos de Bolsonaro chamando o “seu exército”, não temos o mesmo clima popular de 1964 de apoio a um golpe militar.
Em Goiânia, Jair Bolsonaro, no dia 28.08, disse que seu futuro tem três possibilidades: “ser preso, ser morto ou a vitória. Pode ter certeza a primeira alternativa não existe. Nenhum homem vai me amedrontar”.
Jair Bolsonaro colhe os frutos de um governo desastroso e, a tendência, é de nas eleições de 2022 ser negada a sua intenção de continuar a exercer o atual cargo por um novo período. Logo, em Goiânia ele esqueceu de uma quarta opção para o seu futuro: a de aceitar honradamente a derrota nas eleições em 2022. A partir daí, legalmente deverá entregar o cargo para o vencedor do pleito ou poderá cumprir sua promessa de articular golpe com ala dos militares favoráveis.
Caso ocorra o golpe, teríamos a formação de uma junta e, a seguir, a escolha de um nome militar da ativa para administrar o país, com plena capacidade de enfrentar os desafios nacionais.
Por tudo isso, vislumbra-se Jair Bolsonaro ser derrotado nas eleições e, caso lidere golpe, as forças armadas não estarão unidas para apoiar o seu nome para assumir um novo mandato da presidência da República, como aconteceu com Carlos Lacerda em 1964, que apoiou o golpe e teve até os seus direitos políticos cassados.