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Foto: Li Yang (https://unsplash.com/pt-br/fotografias/fotografia-arquitetonica-do-ceu-iluminado-da-cidade-5h_dMuX_7RE)

Os impactos e oportunidades gerados pela guerra tarifária de Trump

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de importação de até 125% sobre produtos chineses marcou uma ruptura significativa na ordem econômica global. Embora tenha havido uma flexibilização posterior, com a adoção temporária de tarifas reduzidas de 10% por 90 dias — excluindo a China — os efeitos imediatos da medida foram quedas nas bolsas de valores ao redor do mundo, oscilação da cotação dólar e instabilidade nos contratos futuros.

A elevação tarifária lançou dúvidas sobre a estabilidade dos mecanismos globais de precificação e reacendeu temores quanto a uma nova onda de inflação e recessão. A medida protecionista contrariou os princípios do livre mercado e deverá gerar aumento nos preços de roupas, eletrônicos e veículos, pressionando o orçamento das famílias americanas. Em vez de gerar empregos, como prometido, a política resultará em demissões em setores dependentes de cadeias globais de suprimentos.

A China, por sua vez, vendeu cerca de US$ 50 bilhões em títulos da dívida pública americana, o que pressionou os juros futuros e intensificou a tensão nos mercados. Além disso, em um movimento inédito, China e Europa passaram a sinalizar uma aproximação estratégica frente ao isolacionismo dos Estados Unidos.

A guerra tarifária não é um episódio isolado e representa uma ruptura com a ordem internacional criada no pós-Segunda Guerra Mundial. O movimento de Trump, ao adotar medidas nacionalistas e unilaterais, desafiou os próprios fundamentos dessa arquitetura global, expondo um retorno ao protecionismo.

Ao tentar reverter o esvaziamento industrial do país e conter o avanço chinês, a administração Trump adotou uma política tarifária sem um planejamento de longo prazo e fragilizou a própria economia americana. Em uma economia cada vez mais financeirizada, o uso das tarifas como instrumento político deve ser ineficaz e prejudicial.

Para o Brasil, o conflito comercial entre EUA e China abre oportunidades e riscos. Alguns setores, como calçados, alimentos e eletrônicos, vislumbram a chance de ocupar espaço deixado por produtos chineses no mercado americano. Por outro lado, o país também pode passar a enfrentar o risco de uma “invasão” de excedentes chineses.

Mais do que uma disputa comercial, a guerra tarifária simboliza um novo capítulo na luta pela hegemonia global no século XXI. Os Estados Unidos não buscam apenas conter um concorrente econômico, mas frear o avanço chinês em setores estratégicos. Trata-se de um embate que pode redefinir o equilíbrio de poder mundial nas próximas décadas.

Em síntese, a política tarifária de Donald Trump é unilateral e carente de estratégia consistente. Ao abdicar do papel de liderança econômica global, os Estados Unidos comprometeram sua credibilidade internacional e abriram espaço para novas alianças e realinhamentos geopolíticos. Em um mundo cada vez mais interdependente, o abandono do multilateralismo representa não apenas um risco à estabilidade global, mas também um sinal de sinais da queda da hegemonia econômica americana.

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