No dia 20.01.2025, Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos com um discurso inflamado, prometendo restaurar a “grandeza” americana.
Nos bastidores do poder, o contraste entre a promessa de Trump e a realidade econômica e tecnológica americana é gritante. Sob a sombra de uma economia marcada por um déficit comercial trilionário e um parque industrial em declínio, o país que já foi o motor da inovação global parece cada vez mais preso à estagnação e às divisões internas.
Enquanto Trump exaltava um nacionalismo econômico e prometia ações mirabolantes, como retomar o controle do Canal do Panamá ou plantar a bandeira americana em Marte, a China dava um golpe certeiro no domínio tecnológico ocidental. No dia 27.01.2025, a startup chinesa DeepSeek lançou um modelo de inteligência artificial (IA), que em poucas horas acumulou milhões de downloads ao redor do mundo.
O que tornou esse lançamento ainda mais impressionante foi o baixo custo dos investimentos, pois o aplicativo foi construído sobre uma base de chips menos avançados, desenvolvidos para contornar as restrições impostas pelos EUA. Mesmo assim, o resultado foi um produto mais eficiente, acessível e, principalmente, disruptivo.
O impacto foi imediato e devastador para o mercado financeiro global e empresas americanas de tecnologia como Nvidia, Oracle, Microsoft e Alphabet registraram perdas bilionárias em valor de mercado.
A ascensão da China não é obra do acaso. O país deixou para trás a imagem de mera fábrica de bens de baixo custo, sem o uso de tecnologia e agora lidera em setores estratégicos como veículos elétricos, energia renovável e inteligência artificial. Essa transformação é fruto de um planejamento estratégico de longo prazo, impulsionado por investimentos em infraestrutura, educação e tecnologia.
Enquanto isso, os Estados Unidos permanecem atolados em debates internos polarizadores e decisões controversas. O governo de Trump, por exemplo, priorizou o desmonte de políticas ambientais e a retórica populista em detrimento de uma visão econômica global coerente. Apesar do apoio de bilionários e grandes empresas de tecnologia, a administração americana parece incapaz de responder à nova ordem global imposta pela ascensão chinesa.
Além disso, o lançamento da DeepSeek é um marco na mudança da balança de poder mundial e é um ataque ao poder das bigtechs americanas. Os Estados Unidos, que por décadas lideraram o progresso científico e econômico, agora enfrentam o desafio de um rival determinado, resiliente e com uma visão clara de futuro.
Trump, com sua retórica de “destino manifesto”, tenta reafirmar a hegemonia americana, mas suas promessas não enfrentam a realidade de um país dependente de importações, com uma economia voltada para serviços, finanças e tecnologia, mas sem uma base industrial e tecnológica robusta.
A era em que os Estados Unidos ditavam as regras do jogo global parece estar chegando ao fim.
Se o governo de Trump pretende realmente “tornar a América grande novamente”, deverá aprender com os chineses a ter estratégia para alcançar seu objetivo.