Foi com pesar que soubemos da morte de Maria da Conceição Tavares no dia 08.06, aos 94 anos. Nascida em Portugal, ela migrou para o Brasil fugindo da ditadura salazarista. Naturalizou-se brasileira em 1957 e, em solo brasileiro, construiu uma carreira notável como economista. Conviveu e foi influenciada por intelectuais como Celso Furtado e Caio Prado Jr., mas construiu seu próprio rol de seguidores no campo acadêmico e político.
A economista teve uma carreira marcada pela participação em momentos cruciais da história do Brasil. Colaborou na elaboração do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek e foi uma das principais articuladoras do Plano Cruzado durante o governo de José Sarney. Atuou na Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) para promover políticas de substituição de importações. Ela era crítica da política econômica do regime militar e da desigualdade social no Brasil, resultando em sua prisão em 1974.
A economista era desenvolvimentista, defendia intervenção na economia para garantir o crescimento e a diminuição da desigualdade social. Tinha habilidade argumentativa, coragem nos debates e vigor nas discussões públicas conquistando inúmeros admiradores em suas aulas, nos congressos e nas aparições públicas, arrastando inúmeros admiradores. Suas aulas e entrevistas são sucesso nas redes sociais.
Seu livro “Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro“, publicado em 1972, é considerado uma obra clássica e essencial para a compreensão da evolução econômica do Brasil, no qual analisa a transição do modelo de substituição de importações para um capitalismo financeiro, explorando os impactos desse processo sobre a indústria nacional e a estrutura social.
Sua dedicação e compromisso com o desenvolvimento econômico e social deixaram uma marca indelével na história do país. Em suas palavras e ações, ela demonstrou que a economia não é apenas uma ciência exata, mas um campo profundamente interligado com as questões sociais e humanas, demonstrando que o desenvolvimento econômico deve sempre estar atrelado à justiça social e ao bem-estar coletivo.
Sua trajetória é um testemunho de coragem, integridade e compromisso com a justiça social. Mesmo após sua morte, seu legado continua vivo, inspirando economistas e cidadãos a buscar um futuro mais justo e equitativo.
O desafio agora é honrar suas lições e continuar trabalhando por um Brasil mais justo e desenvolvido, seguindo os passos de uma verdadeira pioneira. A morte de Maria da Conceição Tavares é uma grande perda, mas também um momento de reflexão sobre o impacto e a importância de suas ideias. Seu legado continuará a inspirar futuras gerações de economistas a buscar uma sociedade mais justa e equitativa, mantendo vivo o espírito de sua incansável luta por um mundo melhor.
