No dia 01.03 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao ano de 2023, com crescimento de 2,9% em relação ao ano anterior, com o total de R$ 10,9 trilhões de PIB e per capita de R$50.193,72. O destaque foi o setor do agronegócio, enquanto outros desafios setoriais se fazem notar.
O crescimento de 15,1% do agronegócio impulsionou o PIB, destacando-se a soja e o milho. Contudo, a queda na produção de trigo, laranja e arroz, atribuída à seca na região sul, aponta para desafios climáticos que afetam a produção agrícola. Na indústria, enquanto as indústrias extrativas tiveram um crescimento notável de 8,7%, a indústria de transformação e construção enfrentaram quedas, sinalizando uma mudança na dinâmica industrial. No setor de serviços, todas as atividades cresceram, destacando-se as atividades financeiras, imobiliárias e outros serviços.
A estabilidade no terceiro trimestre contrasta com o avanço de 2,1% no quarto trimestre. A formação bruta de capital fixo registrou uma queda de 4,4%, apontando para desafios na produção interna. Por outro lado, a despesa de consumo das famílias cresceu 2,3%, impulsionada pela melhoria no mercado de trabalho, diminuição da inflação e programas governamentais de transferência de renda. A Despesa do Consumo do Governo, por sua vez, registrou crescimento de 1,7%.
No setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 7,3%, enquanto as importações recuaram 0,9% no último trimestre de 2023.
Os dados evidenciam a perda gradual do setor industrial nas exportações, com o agronegócio e indústria extrativa ganhando espaço. Notáveis quedas nas importações de produtos químicos, derivados de petróleo, produtos farmacêuticos e máquinas e equipamentos indicam mudanças na dinâmica do comércio exterior.
O desempenho do PIB revela a crescente primarização da economia brasileira, com o predomínio do agronegócio e da indústria extrativa, apontando para desafios na manutenção de setores de alto valor agregado e tecnológico. Em contraste com outras economias globais, o Brasil carece de um setor industrial e tecnológico robusto. A implementação da Nova Indústria Brasil (NIB) pelo governo federal, em 22.01, busca reverter essa tendência, mas os desafios persistem.
De todo este quadro é preciso comemorar, mas também discutir sobre os reflexos do Brasil ter uma economia cada vez mais primária e menos industrial, mais exportadora de matérias primas e importadora de manufaturados e de tecnologia. Também o país deve ficar atento às mudanças climáticas e seus reflexos no processo produtivo, como a queda constatada de alguns produtos agrícolas, com reflexos nos preços internos. O PIB também refletiu a força do mercado interno para a economia nacional, evidenciando a importância da geração de renda interna.
O desafio agora é consolidar e impulsionar esse crescimento, promovendo políticas e iniciativas que fortaleçam a estabilidade econômica, o desenvolvimento sustentável, a reindustrialização e a tecnologia.
